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glossário

Glossário para o I Seminário Sexualidade e Diversidade – Atenção Primária à Saúde Quebrando Tabus

 

Pessoas vivendo com HIV/aids: termo preferido e usado pelo movimento social em todo o mundo. A abreviatura, a ser usada o mínimo possível, é PVHA. O termo “soropositivo para HIV” é reservado para o contexto médico. “Portador do HIV” é considerado desumanizador.

 

Sorofobia, aidsfobia: Palavras que têm sido introduzidas pelo movimento social para designar com mais especificidade o estigma, preconceito e discriminação contra a pessoa vivendo com HIV/aids.

 

Racismo: Ato de menosprezar, hostilizar, ferir ou negligenciar outra pessoa, um grupo de pessoas ou a si mesmo devido à sua origem étnico/racial. É o ato político, cultural e social de definir hierarquia entre raças, impondo desigualdades e iniquidades.

 

Machismo: Desvalorização e inferiorização de mulheres em relação a homens. Manifesta-se através dos papéis sociais esperados para mulheres e homens, no comportamento considerado “normal” para cada gênero, na ridicularização de características consideradas femininas (como “piadas”), na objetificação e em diversas outras formas de discriminação das mulheres. São também formas de machismo: manterrupting (quando a fala de uma mulher é interrompida por um homem), mansplaining (quando o conhecimento de uma mulher é desmerecido, através de explicações desnecessárias ou argumentações contrárias, diminuído  a confiança, a autoridade e o respeito dela), bropriating (quando um homem se apropria da idéia de uma mulher e leva o crédito por ela), gaslighting (violência emocional que leva à mulher e as pessoas ao seu redor acharem que “enlouqueceu” ou é incapaz).

 

Misoginia: Ódio ou desprezo às mulheres e às características consideradas femininas. Exclui mulheres da sociedade e as desumaniza. É uma base do feminicídio.

 

Patriarcado: Sistema social em que homens adultos mantêm o poder primário e predominam em funções de liderança política, autoridade moral, privilégio social e controle das propriedades. No domínio da família, o pai (ou figura paterna) mantém a autoridade sobre as mulheres e as crianças. Apoia-se no machismo e na misoginia.

 

Intersexo: Pessoa que nasce alguma variação corporal, ou a apresenta naturalmente ao longo da vida, que não se encaixa na definição típica de características sexuais binárias (corpo biológico típico de fêmea ou macho). As condições que levam à intersexualidade podem relacionar-se a cromossomos, genitália, gônadas, órgãos reprodutivos ou hormônios puberais.

 

Orientação afetiva / sexual / romântica: É a tendência individual a atrair-se afetivamente e/ou sexual e/ou romanticamente por outras pessoas, observada a partir dos gêneros destas pessoas. Não é uma escolha ou opção, pois trata-se do desejo individual e não dos relacionamentos consolidados em si.

 

Heterossexual: Pessoa que se atrai por pessoas de gênero diferente ao seu.

 

Homossexual: Pessoa que se atrai por pessoas do mesmo gênero que o seu. Apesar desta definição, declarar-se lésbica (mulher que se atrai por mulher) ou gay (homem que se atrai por homem) também é um posicionamento político em prol da visibilidade de uma sexualidade não hegemônica, e neste contexto a orientação sexual pode ser compreendida como uma identidade política.

 

*Obs.: A literatura passou a adotar as siglas MSM (“mulher que faz sexo com mulher”) e HSH (“homem que faz sexo com homem”) para inserir em estudos e políticas públicas as pessoas que, apesar de sua prática sexual, não se identificam como homossexuais ou bissexuais. No entanto, estes termos não contemplam pessoas que se identificam como lésbicas, gays ou bissexuais pelo apagamento político que gera a estas identidades.

 

Bissexual: Pessoa que se atrai por pessoas de mais de um gênero. A bissexualidade também pode ser entendida como uma identidade política. A pansexualidade (atrair-se por todos os gêneros) pode ser entendida como uma vertente da bissexualidade.

 

Assexual: Pessoa que não experiencia atração sexual.

 

*OBS: apesar das descrições acima, não existe critério para que alguém se defina ou se entenda dentro de cada uma dessas orientações sexuais e cada pessoa pode valer-se de diferentes referenciais para identificar-se dentro delas (frequência de relacionamentos ao longo da vida, relacionamento significativo, relacionamento atual, desejo afetivo experenciado ao longo da vida... etc.)

 

Práticas sexuais: atos desenvolvidos durante as relações sexuais. Não se relacionam necessariamente com a orientação sexual ou com a identidade de gênero. Exemplos: penetração anal peniana, penetração vaginal digital, sexo oral vulvar, sexo oral anal, sexo vulvar vulvar, sadomasoquismo, etc.

 

Identidade de gênero: É a percepção de gênero que cada pessoa tem de si própria, a partir dos referenciais sociais de gênero apresentados a ela (contexto social, cultural, teórico e histórico). Apesar de vivermos em uma sociedade que considera o gênero como binário, existem outras formas de identificar-se além de “homem” ou “mulher”.

 

Cisgênera: Pessoa que se identifica com mesmo gênero que lhe atribuíram ao nascer.

 

Transexual: Pessoa que se identifica com um gênero diferente daquele que lhe foi atribuído no nascimento. Pode desejar realizar transformações corporais ou em sua expressão de gênero para ser percebida individual ou socialmente com o seu gênero identitário. Internacionalmente utiliza-se o termo “transgênero”, não reconhecido pelo movimento social brasileiro por questões políticas históricas.

 

Homem trans: Pessoa que ao nascer foi designada mulher, mas identifica-se como homem.

 

Mulher transexual: Pessoa que ao nascer foi designada homem, mas identifica-se como mulher.

 

Travesti: Apesar de a CID 10 considerar travesti uma pessoa transfeminina que não tem intenção de alterar sua genitália, o movimento social atual não requisita diferenciações conceituais entre travestis e mulheres transexuais, somente diferenciações identitárias que estão muitas vezes atreladas a questões sócio econômicas ou históricas.

 

Pessoa não binária: Pessoa que não se identifica completamente como mulher nem como homem, não cabendo a ela a concepção binária de gênero.  Pessoas agêneras e pessoas de gênero fluido representam formas de não binaridade.

 

Expressão de gênero: Forma como uma pessoa se expressa e maneira como uma pessoa é identificada pelas demais em relação aos padrões de gênero reconhecidos. Postura corporal, comportamentos, modo de comunicar-se, maneirismos e vestimentas são algumas das performatividades de gênero mais observadas. Refere-se à masculinidade, à feminilidade e às suas variáveis (ex: feminino, masculino, andrógino).

 

Drag queen / Drag king: Personagens representadas de maneira caricatural e exagerada em relação ao gênero e sua performatividade (Drag queen: personagem feminina, Drag king: personagem masculino).

 

LGBT(QIA): População de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Mulheres Transexuais e Homens Trans (pode-se somar também pessoas Queer, Pessoas Intersexo e Assexuais).

 

LGBTfobia: aversão ou ódio à comunidade LGBT, que invariavelmente se apóia na cisheteronormatividade e tem como base o machismo e a misoginia. Ex: lesbofobia, homofobia, bifobia, transfobia.

 

Heteronormatividade: Aponta o conceito de que a única orientação sexual “normal”, legítima e fundamental para a sociedade é a heterossexualidade. A heterossexualidade compulsória, que faz com que a maioria das pessoas acredite ser “naturalmente” heterossexual, é uma expressão da heteronormatividade. Manifestações heteronormativas são lesbofóbicas, homofóbicas e bifóbicas.

 

Cisnormatividade: É a idéia de que todas as pessoas são cisgêneras e de que essa seria a “normalidade”. Invisibiliza e oprime as pessoas que não identificam-se com o gênero atribuído a elas ao nascimento. É uma manifestação de transfobia.

 

Interseccionalidade (ou teoria interseccional): Estudo da sobreposição ou intersecção de identidades sociais e sistemas relacionados de opressão, dominação ou discriminação. A teoria sugere e procura examinar como diferentes categorias biológicas, sociais e culturais, tais como gênero, raça, classe, capacidade, orientação sexual, religião, casta, idade e outros eixos de identidade interagem em níveis múltiplos e muitas vezes simultâneos. Este quadro pode ser usado para entender como a injustiça e a desigualdade social sistêmica ocorrem em uma base multidimensional. A teoria interseccional foi desenvolvida por teóricas do feminismo negro.

 

Empoderar: parte de um conceito coletivo no sentido de proporcionar a si mesmo e aos outros mecanismos de enfrentamento para que juntos possam romper as estruturas racistas, sexistas, homofóbicas, ou seja, o combate de todas as formas de opressão para uma sociedade mais justa e igualitária no respeito às diferenças. Por conseguinte, se empoderar é identificar e compreender o que se é enquanto indivíduo e parte de um grupo desprovido de justiça social.

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